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Junho 30, 2008

As novelas passam um estereótipo do sexo feminino, dizem as feministas

Filed under: Notícias — carlacerqueira @ 2:50 pm
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A vilã é normalmente uma mulher seca, azeda, bem sucedida. Heroína que se preze é mãe de família, talhada para a maternidade, e não é livre para viver a sexualidade em pleno. A novela – o produto mais exportado do Brasil que tem em Portugal um grande cliente – existe há quarenta anos, mas continua a viver do mesmo formato anacrónico. Quem o diz é Mercedes Lima, mestre em Direito, professora e advogada brasileira, líder de um movimento de defesa da mulher em São Paulo. “Não sei quais as novelas que estão a passar cá em Portugal, mas de certeza que têm estes ingredientes”, atira a activista num discurso colorido e solto que arranca sorrisos na plateia. Na sala 1 da Fundação Calouste de Gulbenkian, na tarde de quinta-feira, 26 de Junho, discute-se o tema “Mulheres e media” no âmbito do congresso feminista.

As novelas passam a imagem de que as mulheres não trabalham e raramente se retrata a realidade que quem permanece horas a fio atrás de um balcão de supermercado. De vez em quando as produtoras arriscam um laivo de irreverência. “A actriz Regina Duarte vai vestir a pele de médica que trabalha. Mas os filhos da Maria do Carmo – aqueles muito jeitosos – aparecem sempre trabalhando. Porquê só os homens?”.

“A televisão é a janela do mundo para os pobres”, diz Mercedes Lima. E num país em que muitos não têm possibilidade de ir ao cinema, ao teatro ou comprar uma revista o pequeno ecrã é a única referência que possuem.

As feministas do Brasil já enfrentaram a tranquilidade instalada e partiram para tribunal insatisfeitas com a imagem que a televisão projecta da mulher. Argumentam que a televisão cria estereótipos que podem incentivar à violência doméstica e à submissão da mulher. Além de não ter em conta a diversidade. Não estão contra as novelas, mas contra o uso que se faz da mulher na produção televisiva. “Há 40 anos que as famílias que dominam os media no Brasil passam determinada imagem da mulher com a maior cara de pau e sem que ninguém diga nada”, acusa.

(Fonte: Jornal Mirante)

Telemóvel auxilia formação da identidade da mulher

Filed under: Notícias — carlacerqueira @ 2:44 pm
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Uma investigadora da Universidade Católica defende que o telemóvel veio trazer uma ligação ao exterior que muitas mulheres antes não tinham, escreve a Lusa.

 

Carla Ganito defendeu esta teoria durante o Congresso Feminista, que reúne cerca de 600 participantes em Lisboa, entre quinta-feira e sábado, na Fundação Calouste Gulbekian.

O telemóvel é algo privado, de que as mulheres podem dispôr, como nunca acontecera com outros equipamentos, mesmo electrónicos, sustentou a investigadora social em declarações à agência Lusa.

«As adolescentes levam o telemóvel para o quarto, para a cama, e têm sobre ele o domínio completo», que, na sua opinião, não sucede com as consolas de jogos ou mesmo com a televisão, quase sempre «geridos» pelas figuras masculinas.

Construção de identidade feminina

Os telefones portáteis, além de incentivarem os relacionamentos pessoais e aproximarem as pessoas, servem ainda para jogar ou ouvir música sempre que o seu proprietário o desejar, sem interferências de terceiros, o que o torna num acessório muito importante e «lugar de construção de identidade» feminina.

Carla Ganito contraria a ideia de que os telemóveis possam ter um carácter de alienação para os jovens, contrapondo que serve antes para «desafiar [esses] estereótipos» que se criam sobre os adolescentes.

O que conseguem na realidade, acrescenta, é aproximar as pessoas, tornando-se num «cordão umbilical».

«É muito poderoso na integração social e afirmação de identidades», argumenta a investigadora, que está a preparar o doutoramento sobre o tema e intitulou a sua intervenção no congresso «Mobilidade no feminino. O telemóvel como lugar de construção da identidade».

(Fonte: Diario.iol.pt em 27.06)

Feminismo é lutar por todas as igualdades

Filed under: Notícias — carlacerqueira @ 2:12 pm
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Se existisse igualdade de direitos entre homens e mulheres não faria sentido ressuscitar 80 anos depois o congresso feminista. Falta ainda percorrer um longo caminho dizem as mulheres ouvidas pelo JN, com excepção de uma ex-ministra…

Celeste Cardona, ex-dirigente do CDS-PP, antiga ministra da Justiça e administradora da Caixa Geral de Depósitos, foi a única inquirida a garantir que, nos tempos de hoje, não faz sentido a falar de feminismo.

“Não, como nunca fez. As mulheres são diferentes dos homens, e é essa diversidade que os torna iguais (porque são ambos comptetentes e capazes) no alcance de objectivos que, sendo os mesmos, são alcançados de forma distinta”, justifica a antiga deputada.

Uma voz dissidente entre uma dúzia de escritoras, artistas, deputadas e historiadoras ouvidas pelo JN, na véspera do início do congresso feminista que durará até sábado, na Fundação Gulbenkian, em Lisboa.

“Infelizmente é um movimento necessário porque como todos sabemos (e todos mesmo!) as mulheres estão muito longe de ter a chamada igualdade” sublinha, com firmeza, a actriz Ana Bola.

Demitida no final de Janeiro, a ex-ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima refere que, hoje em dia, “faz novos sentidos” falar não em um, mas em vários feminismos “porque, as diferenças na situação das mulheres no Norte da Europa, na África subsariana ou nos países muçulmanos são ainda mais abissais do que há 30 anos”.

Quanto à Europa meridional, a ex-governante realça estarem as mulheres arredadas dos fora de decisão: na economia, na política e nas grandes empresas.

“Ainda ninguém demonstrou que o machismo português desapareceu, que as mulheres não são espancadas, que o salário igual é uma realidade e que têm acesso à política como os homens”, rebate Maria Teresa Horta, inquirindo se perguntam aos negros se ainda faz sentido lutar pelo anti-racismo.

“Por cada dólar que um homem ganha, a mulher recebe 70 cêntimos, elas são mais na Banca, nos hospitais e jornais, mas eles são os directores”, aponta a deputada do CDS-PP, Teresa Caeiro para quem feminismo “é continuar a denunciar as desigualdades de direitos de género”.

“As mulheres vivem num sufoco e cansaço permanentes porque têm de carregar muitos chapéus”, alega. No quadrante oposto, Cecília Honório, do BE, elege também “o sobretrabalho” como o fardo que torna a vida das portuguesas “n uma encruzilhada asfiaxiante”.

A historidora Irene Pimentel frisa que, apesar das leis, “as corticeiras ainda ganham menos que os homens” enquanto a eurodeputada do PCP, Ilda Figueiredo, afirma que no trabalho, “as mulheres são as mais exploradas e as mais prejudicadas quando os direitos laborais são atacados”.

Se Inês Pedrosa responde com: “Basta olhar para o mundo”, Elisa Ferreira, eurodeputada do PS, refere que “ainda há muitas coisas a corrigir”, mas cuja intervenção é difícil porque ocorrem “num plano subtil, dentro das paredes das casas, como os maus tratos”.

“Há 100 anos nem ler saberíamos e também havia quem disesse que o feminismo não fazia sentido”, salienta Fina d’Armada.

(Fonte: Artigo de Alexandra Marques, publicado no JN de 26.06)

Há muitos machos e poucos homens

Filed under: Notícias — carlacerqueira @ 2:00 pm
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Podem os homens ser feministas? E, sendo-o, devem constituir um grupo isolado ou integrar o movimento mais geral de mulheres? Estas foram algumas das questões discutidas no painel “Género e relações de género: o papel das mulheres e dos homens na mudança”, um dos debates da tarde no Congresso Feminista que decorre em Lisboa.

“Tenho encontrado muitos machos, mas poucos homens”, ironizou o espanhol Javier Robles Andrades, que abordou as “distintas masculinidades”, entre as quais a “subordinada e marginalizada dos homossexuais”, para concluir que “é preciso procurar novas formas de ser homem”.

Robles Andrades integra o AHIGE, grupo de homens pela igualdade, no qual seis a oito homens que se reúnem para “questionar as masculinidades e buscar alternativas”, explicou ao PÚBLICO.

Já existentes em várias cidades espanholas, os grupos de homens pela igualdade já foram apreciados pela ministra da Igualdade do governo de José Luís Rodríguez Zapatero, que anunciou que gostava de alargar e institucionalizar o conceito a todo o país.

Contando que o pai lhe dizia sempre que tinha de ser “machote”, Robles Andrades admitiu que cada vez tem menos “respostas como homem”, mas já aprendeu que “mais importante do que dar respostas é fazer perguntas”. “O patriarcado é o sistema de opressão mais antigo e que inunda todo o mundo”, recordou, realçando que só uma “resposta contundente” poderá retirar-lhe poder.

“Ser feminista não é uma palavra malvada. É uma condição de progresso, é ser justo e lógico. Por isso, devíamos todas e todos ser feministas”, apelou, na sessão de abertura do congresso, Elza Pais, presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, reconhecendo que persistem “barreiras [à plena igualdade] que parecem intransponíveis”.

Por sua vez, Elisabete Brasil, presidente da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), associação promotora deste terceiro Congresso Feminista, que termina amanhã, tinha dito, minutos antes, que “a agenda feminista tem de estar entroncada na agenda dos outros movimentos sociais”. Isso mesmo defendeu Sónia Alvarez, vice-presidente da Associação de Estudos Latino-Americanos, que falou da “renovação e radicalização” dos feminismos na América Latina, em resposta às fragilidades dos “muito bem comportados feminismos académicos” na “resistência ao neoliberalismo”. Até porque, sublinhou, “a agenda global do género interessa à tendência global para o neoliberalismo”.

(Fonte: Artigo de Sofia Branco publicado no Público de 26.06.)

Congresso Feminista: Organização pede ao Governo que trate associações de mulheres como trata as outras

Filed under: Notícias — carlacerqueira @ 12:11 pm
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A organizadora do Congresso Feminino 2008 apelou hoje ao Governo para que «dê a mesma voz e reconhecimento» às associações feministas «que dá às associações de juventude e Instituições Privadas de Solidariedade Social (IPSS)»

«Este congresso apela às feministas para que mantenham o entusiasmo demonstrado durante estes três dias. Apelo ainda ao Governo para que dê a mesma voz e reconhecimento às feministas que dá às associações de juventude, IPSS, etc», declarou Salomé Coelho no encerramento do evento, que arrancou quinta-feira.

No dia em que se completaram 80 anos sobre a realização do II Congresso Feminista Português, o encerramento desta 3ª edição foi realizado na Faculdade de Belas Artes, em Lisboa, com a presença de vários convidados, entre eles, o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Jorge Lacão.

Jorge Lacão, que falou na sessão de encerramento, declarou que Portugal tem «ainda que andar muito para consagrar na prática o que já está consagrado na lei» no que respeita à igualdade de género, mostrando a convicção que existe «ainda muita gente com medo da igualdade das mulheres».

O secretário de Estado afirmou ainda que o Governo tem vindo a desenvolver um conjunto de iniciativas que visam para promover a igualdade de género.

O alargamento da licença de paternidade, incentivos fiscais e monetários ao empreendedorismo feminino e a garantia de que a violência doméstica continua a ser considerada juridicamente como crime público, alargando ainda este tipo de qualificação para a violência psicológica entre os vários tipos de relações sentimentais, foram algumas das medidas referidas por Jorge Lacão.

Durante a cerimónia de encerramento foi ainda anunciado o início de uma petição on-line que será colocada no site da União Alternativa e Resposta (UMAR) contra uma medida do Ministério da Educação de Cabo Verde que estará a proibir as alunas do ensino secundária que engravidem de frequentar as aulas.

O Congresso terminou com a organizadora Salomé Coelho a manifestar «satisfação» e com a garantia de que «a luta é para continuar», com a realização de congressos «em breve».

«Estamos mais próximos e para ano estaremos ainda mais próximos», sublinhou.

Lusa / SOL

Congresso Feminista 2008…80 anos depois

Filed under: Debates — carlacerqueira @ 11:53 am
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