Elas nas notícias

Junho 30, 2008

Há muitos machos e poucos homens

Filed under: Notícias — carlacerqueira @ 2:00 pm
Tags: , ,

Podem os homens ser feministas? E, sendo-o, devem constituir um grupo isolado ou integrar o movimento mais geral de mulheres? Estas foram algumas das questões discutidas no painel “Género e relações de género: o papel das mulheres e dos homens na mudança”, um dos debates da tarde no Congresso Feminista que decorre em Lisboa.

“Tenho encontrado muitos machos, mas poucos homens”, ironizou o espanhol Javier Robles Andrades, que abordou as “distintas masculinidades”, entre as quais a “subordinada e marginalizada dos homossexuais”, para concluir que “é preciso procurar novas formas de ser homem”.

Robles Andrades integra o AHIGE, grupo de homens pela igualdade, no qual seis a oito homens que se reúnem para “questionar as masculinidades e buscar alternativas”, explicou ao PÚBLICO.

Já existentes em várias cidades espanholas, os grupos de homens pela igualdade já foram apreciados pela ministra da Igualdade do governo de José Luís Rodríguez Zapatero, que anunciou que gostava de alargar e institucionalizar o conceito a todo o país.

Contando que o pai lhe dizia sempre que tinha de ser “machote”, Robles Andrades admitiu que cada vez tem menos “respostas como homem”, mas já aprendeu que “mais importante do que dar respostas é fazer perguntas”. “O patriarcado é o sistema de opressão mais antigo e que inunda todo o mundo”, recordou, realçando que só uma “resposta contundente” poderá retirar-lhe poder.

“Ser feminista não é uma palavra malvada. É uma condição de progresso, é ser justo e lógico. Por isso, devíamos todas e todos ser feministas”, apelou, na sessão de abertura do congresso, Elza Pais, presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, reconhecendo que persistem “barreiras [à plena igualdade] que parecem intransponíveis”.

Por sua vez, Elisabete Brasil, presidente da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), associação promotora deste terceiro Congresso Feminista, que termina amanhã, tinha dito, minutos antes, que “a agenda feminista tem de estar entroncada na agenda dos outros movimentos sociais”. Isso mesmo defendeu Sónia Alvarez, vice-presidente da Associação de Estudos Latino-Americanos, que falou da “renovação e radicalização” dos feminismos na América Latina, em resposta às fragilidades dos “muito bem comportados feminismos académicos” na “resistência ao neoliberalismo”. Até porque, sublinhou, “a agenda global do género interessa à tendência global para o neoliberalismo”.

(Fonte: Artigo de Sofia Branco publicado no Público de 26.06.)

Deixe um Comentário »

Ainda sem comentários.

RSS feed for comments on this post. TrackBack URI

Deixe um comentário

Site no WordPress.com.