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Outubro 20, 2008

Juízes mais alerta contra mães manipuladoras

Filed under: Notícias — carlacerqueira @ 11:09 pm
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Poder paternal. Há mais juízes a entregar a tutela aos pais. Um sinal de que o paradigma está a mudar, até porque os tribunais estão mais atentos à manipulação dos filhos. Não foi o caso de Jaime Santos, que se barricou no tribunal da Covilhã

Cada vez há mais pais com a tutela dos filhos

Os juízes começam a estar mais sensibilizados para os casos de manipulação dos filhos contra os pais, maioritariamente protagonizados pelas mães, e atribuem, cada vez mais, a tutela das crianças aos pais. “O paradigma está mudar”, garante a presidente do Instituto Português de Mediação Familiar, Maria Saldanha Pinto Ribeiro, que se tem esforçado por sensibilizar os juízes para os “inúmeros casos” de alienação parental, em processos de regulação do poder paternal, com o propósito de os afastar das suas vidas.

Em declarações ao DN, aquela jurista considerou a chamada síndrome da alienação parental um problema grave, para o qual os tribunais estão finalmente a acordar, mas lembrou que “ainda há um longo caminho a percorrer”. Para esse flagelo têm também chamado a atenção, o psiquiatra Joaquim dos Vultos, que alerta para os graves danos causados nas crianças, e o juiz do Tribunal de Menores do Funchal, Mário Rodrigues da Silva. Aquele magistrado observa que os casos de falsas acusações de abuso são “mais frequentes do que se possa imaginar”.

Justamente para impedir que nos processos litigiosos de divórcio ou regulação do poder paternal, os juízes decidam influenciados por essa manipulação perversa – que chega a atingir o extremo de falsas acusações de abuso sexual -, Maria Saldanha defende uma mudança de fundo na orientação dos tribunais.

“É necessário que nestes casos litigiosos os tribunais não atribuam logo a tutela às mães – como acontece – nem sequer provisoriamente. Porque já sabemos que o provisório se eterniza, acaba por tornar-se definitivo, pois é muito difícil voltar para trás”, disse a autora de um livro sobre a síndrome da alienação parental.

Em contrapartida à atribuição provisória da tutela, a jurista vai bater–se para que seja consagrada a figura das “casas de fim-de-semana”. Estas casas, explica, funcionariam fora do tribunal, mas reportando a ele como um espaço de intermediação, em que nas “trocas” de fim-de-semana, as crianças são ali levadas às sextas-feiras e ao domingo para serem recolhidas pelos pais ou mães. “Nesse processo de transferência entre um e outro progenitor actuariam media- dores familiares, que teriam a oportunidade de estudar os casos, avaliar a existência de sinais perturbadores e elaborar pareceres que possam ajudar os juízes a produzir uma sentença bem fundamentada”, advoga Maria Saldanha Pinto Ribeiro.

Também o procurador Rui do Carmo concede que “está a crescer o número de casos em que a tutela das crianças é confiada aos pais”. Nestas situações, os juízes consideram que as crianças estão melhor com os pais ou trata-se de casos em que as mães não manifestam interesse em ficar com a tutela dos filhos”, diz.

Em todo o caso, e apesar de serem agora mais os pais com a tutela dos filhos, Rui do Carmo é peremptório: ” na esmagadora maioria dos casos, as crianças ainda são confiadas às mães”.

Com a entrada em vigor da nova lei do divórcio – que ainda está à espera de promulgação – dá-se um forte incentivo ao exercício conjunto do poder paternal. Essa passa a ser a norma das situações de regulação, que altera o próprio conceito ao substituir o termo poder paternal por responsabilidade parental, que remete para um quadro de direitos e deveres.

(Fonte: Artigo de Carla Aguiar, Diário de Notícias, 19/10/2008).

Crimes contra mulheres cada vez mais violentos

Filed under: Notícias — carlacerqueira @ 10:53 pm
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Violência doméstica. As associações de defesa dos direitos das mulheres alertam para a crescente brutalidade dos crimes cometidos. A UMAR aponta ainda 32 homicídios registados este ano, até ao presente mês, e a existência de 35 tentativas falhadas. E acusa: “O sistema judicial está a ser cúmplice”

Este ano houve 32 homicídios e 35 tentativas falhadas

Os crimes contra as mulheres não só aumentaram este ano como estão mais violentos. “As agressões são sempre preocupantes, mas notamos nos últimos tempos uma mudança na forma dos crimes: são mais violentos, mais brutais”, disse a presidente da União da Mulher -Alternativa e Resposta (UMAR) ao DN, no dia em que milhares de mulheres de todo o mundo marcharam em Vigo, Espanha, contra a violência de género.

Elizabete Brasil refere-se, por exemplo, ao crescente número de mulheres que são mortas à machadada pelos seus maridos ou ex-companheiros. “Isto é assustador”, observa aquela dirigente, lembrando que este ano, até ao presente mês, foram registadas 32 mulheres vítimas mortais de crimes cometidos no âmbito da violência doméstica, de acordo com os dados apurados pela organização. O marido ou companheiro é o principal agressor. Aqueles crimes representam mais onze casos do que os verificados ao longo de todo o ano de 2007.

Igualmente preocupante é a expressão das tentativas falhadas de homicídio, que no ano passado aumentaram face a 2006, totalizando 57 casos. E este ano, até Agosto, foram 35 as tentativas de homicídio perpetradas contra mulheres, segundo dados avançados pela UMAR. Aqueles números levam Elizabete Brasil a observar que “se essas mulheres não chegaram a morrer foi porque tiveram sorte, mas nada garante que a próxima vez não seja fatal”. É um facto bem conhecido de quem acompanha estes casos que muitos dos casos de homicídio eles são o culminar de anos de maus tratos físicos e psicológicos. Por isso mesmo, a dirigente da UMAR manifesta-se desapontada com a prática do sistema judicial português, que, acusa, “continua a ser cúmplice” destes crimes.

Apesar da violência doméstica ter passado a ser tipificada como um crime público desde 2000, não carecendo de apresentação de queixa para que seja desencadeado o processo crime, “são as mulheres que têm de se pôr em fuga, são elas que têm de ir para as casa de abrigo, deixar a sua casa, a sua rede familiar e social”, lembra aquela defensora dos direitos das mulheres.

“O sistema continua a ter dificuldades em deter estes indivíduos, os vizinhos continuam a não chamar a polícia quando assistam a maus tratos, porque ainda há quem pense que entre marido e mulher não se mete a colher, é toda a sociedade que tem de perceber que a agressão é uma violação dos direitos humanos e não se pode ser complacente com essa realidade”, sublinha. Para aquela activista “já não se pode falar em Portugal de um problema de falta de legislação adequada, ela existe, mas infelizmente a prática das instituições nem sempre é a mais adequada”.

A UMAR tem duas casas-abrigo para mulheres vítimas de maus tratos, com capacidade para 60 utentes e, como lembra, Almerinda Brito, outra dirigente da associação, “a verdade é que estão sempre lotadas: quando uma mulher sai, entra logo outra, um sinal de que o fenómeno não pára”, disse, a partir de Vigo, onde decorreu uma marcha de dez mil mulheres, organizada por associações de mulheres de todo o mundo.

O baixo nível de escolaridade e o consequente mau rendimento salarial das mulheres acompanham frequentemente estes casos.

(Fonte: Artigo de Carla Aguiar, Diário de Notícias, 20/10/2008)

Outubro 6, 2008

Assédio Sexual: Casos no trabalho estão a aumentar, estima-se que 40% das mulheres são vítimas

Filed under: Notícias — carlacerqueira @ 1:14 pm
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Estima-se que quatro em cada dez trabalhadoras são assediadas no emprego, mas por medo e vergonha a maioria não o denuncia. No ano passado, foram instaurados mais de 300 processos disciplinares relacionados com este crime, que o inspector-geral do Trabalho diz estar a aumentar em Portugal.

 

“Todos os dias, de norte a sul do país, há mulheres vítimas de assédio sexual no local do trabalho”, alerta Fausto Leite, advogado especialista em Direito de Trabalho, assegurando que os casos que chegam a julgamento “são apenas a ponta do icebergue”.

 

Fátima (nome fictício), de 36 anos, foi uma das vítimas com coragem para denunciar a situação e enfrentar o chefe em tribunal.

 

Na empresa de call-center, onde trabalhava há três anos, os avanços do novo superior hierárquico começaram subtilmente: elogiava-a com frequência e atribuiu-lhe mais responsabilidades. Pouco tempo depois começou a acompanhá-la nos serviços externos, criava pretextos para estar sempre a seu lado e à saída do emprego pedia-lhe boleia. Na noite em que a convidou “para subir a sua casa e beber uns martinis” Fátima assustou-se.

 

“Quando comecei a recusar sistematicamente os convites, foi o descalabro total. Passou a controlar-me, mudou os meus horários para que eu almoçasse sempre sozinha, nas reuniões não me deixava falar, chegava a ser agressivo e a humilhar-me em frente aos colegas”, conta a mulher de olhos verdes, que recorda os “angustiantes” momentos em que o chefe “ficava parado ao fundo da sala, com as mãos nos bolsos, a olhar fixamente” para ela.

 

 A situação arrastou-se durante meses até que decidiu pedir apoio jurídico ao sindicato, porque “não podia ficar calada”. Por ela, e por todas as outras mulheres. Na altura, o advogado avisou-a de que, muito provavelmente, as represálias iriam aumentar e, por isso, quando a empresa lhe moveu um processo disciplinar conducente ao despedimento não ficou surpreendida. Fátima avançou para tribunal com uma queixa por assédio.

 

Só no ano passado, a Associação Nacional de Pequenas e Médias Empresas (ANPME) acompanhou mais de 300 processos disciplinares por assédio sexual. Um número que para o especialista Fausto Leite está muito longe da realidade: “calcula-se que em cada dez trabalhadoras há quatro assediadas”. Mas, ao contrário de Fátima, a grande maioria das vítimas esconde o drama.

 

“Temos muito, muito poucas denúncias. Era importante que nos fizessem chegar [as queixas], que tivessem essa coragem, porque são situações que nos preocupam e que acontecem com cada vez mais frequência”, alerta o Inspector-Geral do Trabalho, Paulo Morgado de Carvalho.

 

Nas pequenas e médias empresas, que representam cerca de 90 por cento do tecido económico português, “o assédio sexual sempre existiu”, reconhece o presidente da ANPME´s, Augusto Morais, admitindo que muitos empresários ainda não estão sensibilizados para o problema.

 

“Temos um trabalhador que já assediou várias colegas de trabalho e já teve uma semana de suspensão. É reincidente, mas é um bom trabalhador, o que quer dizer que nós não o despedimos, porque o que interessa à empresa é o resultado. Para nós, empresários, o problema do trabalhador tentar assediar a colega é secundário”, admite Augusto Morais.

 

Das centenas de processos que em 2007 chegaram ao gabinete jurídico da ANPME´s, “apenas três resultaram em despedimento”, afirma.

 

Se a maioria das vítimas não denuncia a situação por medo e vergonha, há também quem desista de apresentar queixa perante a dificuldade de arranjar colegas com coragem para testemunhar contra os superiores hierárquicos ou contra outros trabalhadores “com influência no poder”.

 

Fátima não esquece essa experiência: “só quatro colegas se dispuseram a ir a tribunal e mais tarde todos eles sofreram represálias e acabaram por ser afastados da empresa”. Mas a jovem acabou por vencer todos os processos: o de assédio sexual e o que moveu pelo despedimento ilegal. Durante este período, que se arrastou por dois anos, mal conseguia dormir, emagreceu e precisou da ajuda de comprimidos e apoio psicológico. No final, a empresa pagou-lhe “pouco mais de cinco mil euros”.

 

“As indemnizações são miserabilistas e ridículas”, critica o advogado Fausto Leite, sublinhando que estes casos “têm consequências terríveis a nível da saúde mental dos trabalhadores”. Passados três anos, Fátima confessa que nunca mais conseguiu estabelecer relações de confiança nos diferentes locais de trabalho por onde tem passado.

 

(Fonte: Notícia assinada por Joana Bastos e Sílvia Maia, da Agência Lusa)

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