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Novembro 8, 2008

Fujam!Vêm aí as feministas!

Filed under: Reflexões — carlacerqueira @ 3:11 am
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feministas1Esta não é a primeira vez que escrevo sobre a importância de ser feminista. No dia-a-dia sinto que as/os feministas continuam a ser vistos/as de forma negativa e que o feminismo arrasta consigo uma enorme carga pejorativa. Basta lermos o post de Pedro Costa no blogue Trio de Rachar. Parte de uma notícia que pode trazer indicadores importantes para o futuro, mas que continua a revelar que as mulheres ainda não conseguem ascender aos lugares de chefia. Conclui com uma postura que revela desconhecimento em relação ao termo feminismo e que chega a ser claramente discriminatória. É com um tom irónico que diz que um dia o 4º poder será delas e termina a explicar que não quer ser substituído por uma feminista. Pergunto-me porquê? Será que as feministas são menos competentes? Será que tem receio que façam da redacção um local de manifestação e que comecem a queimar soutiens? Será que não tem a noção que o feminismo não é ‘uma coisa de mulheres’? Quais são os seus receios?

A realidade é que em muitos casos a igualdade continua a ser meramente formal. Os factos diários continuam a mostrar um poder patriarcal que ainda está muito enraizado, daí que seja tão pouco questionado. É preciso desmistificar a noção de feminismo, para o bem-estar de uma sociedade que assenta nos pilares da igualdade e da democracia. Trata-se de uma questão de direitos humanos.

Não se pense que ser feminista é o contrário de ser machista. O feminismo visa a igualdade de direitos entre homens e mulheres. O machismo é a crença da superioridade dos homens em relação às mulheres. Isto quer dizer que o primeiro une as pessoas com vista ao bem-estar, enquanto o segundo as separa, criando discriminações.

Muito se poderia dizer em relação à representação mediática das mulheres. Muito tem sido já dito. Há muito ainda para fazer. No meu entender, é fulcral incutir uma perspectiva de género na comunicação. Faz falta colocar os ‘óculos’ da igualdade, com o objectivo de desconstruir uma perspectiva ideológica hegemónica, a qual continua a valorizar o masculino e a perpetuar o sexismo (flagrante ou subtil).

Dá-se a ideia que tudo funciona assente em visões dicotómicas. A realidade é múltipla. Assim, actualmente, o feminismo tem que ser encarado como uma corrente de pensamento e acção plural. É necessário ter uma visão holística dos problemas sociais, políticos e económicos, de forma a garantir a igualdade de direitos e acabando com as discriminações em função do sexo, da etnia e da orientação sexual.

Enquanto continuarem a existir pessoas como o Pedro Costa continuo a sublinhar que faz todo o sentido falar de feminismos.

Media: Jornalismo caminha para “feminização” , 80 por cento dos lugares de chefia detidos por homens

Filed under: Notícias — carlacerqueira @ 1:38 am
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O jornalismo é uma profissão “cada vez mais feminina”, com as mulheres em maioria nas faixas etárias mais jovens e os lugares de chefia ocupados maioritariamente por homens, devido
a privilégios de género e critérios de idade.As conclusões são da investigação que traça pela primeira vez o perfil sociológico dos jornalistas portugueses, realizado por investigadores e jornalistas de referência e liderado Professor do
Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), José Rebelo.”Os homens são muito mais numerosos dos 35 anos para cima e as mulheres são mais numerosas dos 20 aos 35, o que revela uma
tendência para a feminização da profissão cada vez mais pronunciada”, explicou à Agência Lusa o José Rebelo.Segundo o Professor do ISCTE, as conclusões “são variadas” uma vez que a investigação “durou mais de três anos” mas entre outros dados,
recolhidos através de entrevistas e baseados no número de jornalistas portadores de carteira profissional, é possível verificar que “80 por cento dos lugares de chefia estão reservados para jornalistas de sexo masculino”.
“Isto tem duas explicações. A primeira tem a ver com um privilégio de género que poderá favorecer o sexo masculino e a segunda tem a ver com o recrutamento, já que são recrutados para os lugares de chefia sobretudo jornalistas mais velhos, onde o género masculino é
predominante”, afirma José Rebelo.Para Professor e antigo jornalista, as estratégias de concentração que reduzem o número de órgãos de comunicação social, juntamente com o número elevado de jovens que tentam entrar no mercado de trabalho
provocam um “conflito virtual” entre gerações dentro das redacções.”É fácil reivindicar quando se tem um lugar estável dentro do local de trabalho mas, quando se procura criar esse lugar, a reivindicação
já é mais difícil de fazer e isso provoca por vezes relações de tensão entre as gerações anteriores que têm o seu lugar nas redacções e as mais jovens que sobrevivem numa posição de instabilidade total”, disse à Lusa.
“Há décadas atrás havia um modelo de empresa familiar. Agora entre o detentor do poder e o jornalista há uma sequência interminável de capatazes, uma escala indefinível, que leva o jornalista a não saber
onde reivindicar e o quê, o que leva a repensar toda a prática sindical”, acrescentou José Rebelo.Para o Professor do ISCTE, muito mudou no jornalismo nas últimas décadas, que destacou as elevadas habilitações dos jornalistas
actuais e a criação de uma nova forma de fazer jornalismo, afirmando que o “jornalista literário deu lugar a um tipo de jornalista profissional”.

(Fonte: Agência Lusa, 6 de Novembro de 2008)

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